O consumo de álcool é uma prática comum em diversas culturas em todo o mundo, mas você já parou para pensar em como ele afeta o seu cérebro? O álcool é uma substância que pode causar diversos efeitos no sistema nervoso central, desde alterações na percepção e comportamento até a deficiência de funções cognitivas importantes.
Álcool como prazer e bem-estar
Segundo estudos, o álcool age sobre a dopamina, neurotransmissor que está envolvido em diversas funções do cérebro, como a regulação do humor e a recompensa. Ao ingerir álcool, ocorre um aumento nos níveis de dopamina no cérebro, o que pode explicar a sensação de prazer e bem-estar associado ao consumo e isso pode te levar ao vício.
Álcool como sedativo da tristeza
O álcool não vai curar a sua tristeza ou, popularmente falando, a sua “sofrência”. Beber, nestes casos, pode até criar um gatilho para um mau hábito e vir a se tornar um vício. É como se você não conseguisse superar sozinho e o seu apoio emocional fosse a bebida. Pense na seguinte situação: você está triste, bebe e tem a sensação de ficar menos triste. O que você acredita que seu cérebro vai querer quando você se sentir triste novamente? Essa ação vira um hábito e, logo, um vício.
O álcool e a atividade cerebral
O consumo excessivo de álcool pode levar à diminuição dos níveis de dopamina, o que pode afetar a motivação e o humor a longo prazo, além de causar danos aos neurônios do cérebro. O álcool também afeta a atividade de outros neurotransmissores, como o GABA, que é responsável por inibir a atividade cerebral, e o glutamato, que está envolvido em processos de aprendizado e memória.
Por isso você fica mais “soltinho”
Além dos efeitos neuroquímicos, o álcool também afeta o funcionamento de áreas aéreas importantes, como o córtex pré-frontal, responsável por funções executivas como o planejamento e a tomada de decisão, por isso você fica mais desinibido e mais corajoso quando bebe. Mas, com isso, o álcool pode prejudicar também a capacidade de julgamento e autocontrole, aumentando o risco de comportamento impulsivo e perigoso.
Consumo de álcool no Brasil
O consumo de álcool, muitas vezes, confere um status de socialização, principalmente entre jovens. Segundo dados de 2022, da Sociedade Brasileira de Neurologia (SBN), quase 3% da população brasileira acima de 15 anos já pode ser considerada alcoólatra. É importante que você entenda que pode se divertir sem o consumo de bebidas alcoólicas, bem, como, tomar atitudes corajosas sem o envolvimento da substância. Isso vai lhe trazer ainda mais confiança em si mesmo e suas capacidades.
Qualquer quantidade é prejudicial
Um estudo produzido pela Universidade de Oxford (Reino Unido) apontou que problemas relacionados à cognição podem ocorrer mesmo se as bebidas alcoólicas forem consumidas de forma moderada, uma vez que o acúmulo de ferro no cérebro tem sido associado a diferentes condições neurodegenerativas.
Procure ajuda
Para evitar os efeitos negativos do álcool, é importante buscar ajuda e tratamento em caso de dependência, como Psicólogos, Psiquiatras e comunidades de apoio, como o Alcoólatras Anônimos (AA). É possível ter uma vida saudável e equilibrada sem abrir mão de momentos de diversão e socialização de maneira sóbria.
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*Eslen Delanogare é neurocientista, psicólogo, palestrante e empresário. Fundador do Reservatório de Dopamina, a maior comunidade sobre desenvolvimento humano e saúde mental do Brasil. Doutorando em Neurociências, pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), pesquisa sobre possíveis efeitos protetores de metformina sobre as alterações metabólicas, comportamentais e neuroquímicas induzidas por dieta rica em gordura em camundongos.
Fonte de dados: PUC, disponível em: https://j.pucsp.br/noticia/alcoolismo-entre-jovens-quase-3-dos-brasileiros-com-mais-de-15-anos-sao-alcoolatras