“VAI VIVER A VIDA!”
Pessoas que vivem mais ‘na sua’, que não gostam muito de sair e que aproveitam o tempo com a própria companhia, na maioria das vezes, são criticadas por outros ao seu redor. Ouvem muito que não estão aproveitando a vida, que são muito novas para viver uma vida tão desanimada. Mas o que seria aproveitar a vida? Qual o problema de viver tranquilamente sem sentir uma forte ressaca depois de passar uma noite inteira bebendo álcool?
Para a maioria das pessoas ao nosso redor – talvez até para você que caiu aqui de paraquedas – maltratar e desgastar o próprio corpo ou viver cercado de pessoas é sinônimo de aproveitar a vida. Mas.. gostar de passar um tempo consigo mesmo é tão ruim assim? Quem tem esse sentimento está desperdiçando a vida?
SOLITUDE versus SOLIDÃO
Solitude é sentir prazer em ter sua própria companhia. Quem experimenta a solitude gosta de estar sozinho de forma consciente e positiva. Ao contrário da solidão – associada a sentimentos negativos –, a solitude é uma escolha proposital de se isolar para fins de autorreflexão, recarregamento emocional e desenvolvimento pessoal. A pessoa que vivencia esse sentimento busca equilíbrio entre interações sociais e momentos de introspecção, promovendo o autoconhecimento e fortalecendo os vínculos sociais.
Já quem experimenta a solidão sente que suas amizades são insuficientes tanto em quantidade quanto em qualidade. Uma pessoa que é muito sociável e que possui muitos amigos pode se sentir sozinha. Ter essa sensação de abandono é um fator de risco para o desenvolvimento de algum transtorno, como o depressivo maior. Apesar de a solidão e a solitude serem dois estados que envolvem estar sozinho, eles apresentam essas nuances distintas.
Há algum problema em gostar de viver mais tranquilamente e com sua própria companhia? Depende, se esse comportamento está de alguma forma prejudicando o andamento da sua vida, então, sim, é um impasse que precisa de atenção. Caso não seja disfuncional para você, não há nenhuma objeção em viver experimentando a solitude.
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*Eslen Delanogare é neurocientista, psicólogo, palestrante e empresário. Fundador do Reservatório de Dopamina, a maior comunidade sobre desenvolvimento humano e saúde mental do Brasil. Doutorando em Neurociências, pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), pesquisa sobre possíveis efeitos protetores de metformina sobre as alterações metabólicas, comportamentais e neuroquímicas induzidas por dieta rica em gordura em camundongos.
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